sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O Iglo nos Caminhos de Santiago | Etapa 3


E eis que aí estava ele “O dia da subida”! o drama, o horror fizeram-nos prepararmo-nos logo em Betanzos com o cafezinho pró caminho. A nossa vda, mais as suas ocupantes, tinham instruções para nos encontrarem a meio da etapa, mais coisa menos coisa, lá pós lados de Leiro, e desta vez sem trocarem a vieira por paragens mais refrescantes!, porque se havia dia em que precisavamos da vda era este de certeza!E lá começamos a andar. A saída de Betanzos subia um pouquito mas nada que fosse extremamente penoso, pelo menos a comparar com os 10 km da etapa extra do dia anterior! E a viagem manteve-se assim calminha... subindo e andando plano, com uns odores Esposade nº5, num passeio tipo visita guiada à quinta, com cães, vacas e bezerros, mas também cavalos e póneis, com gente já de dieta à fruta depois da salada do dia anterior... excepção aberta, e muito bem aberta, para uns moranguinhos, que dois igloeiros foram arrancar não à beira da estrada mas ao meio do campo onde estavam bem protegidos, mas não a salvo do nosso olhar de lince... mas ai! o karma pó caminho... desta vez não considerou que a tomada de posse dos morangos fosse trabalho honesto ou fome genuína e vai de nos mostrar que quem anda por maus caminhos sofre um bom bocado...As Joanas estavam à nossa espera em Leiro e com notícias animadoras: o albergue era logo ali! Crentes de que tinhamos o dia já ganho, como se diz na gíria, reunimo-nos à volta de uns fantásticos biscoitos, (com o alto patrocínio da Confeitaria Real ... vão até lá e provem!... provem os biscoitos e o resto que é tudo muito, muito bom! – fofinha depois é uma bolinha de galinha pa compensar a publicidade, boa?)... e fizemos planos para tudo o que iamos fazer ao chegarmos ao albergue... A bem dizer chamar a este dia “o da subida” era para já um subido exagero.
A dita subida, tirando o início em Betanzos, tinha sido constante mas gradual. Mas um dos nossos peregrinos tinha informações recolhidas, logo no 1º dia, acerca de um parede de 1 km... havia quem já apostasse que essa parede não passava de um mito para assustar peregrinos incautos... mas havia quem apostasse que se ainda não tinha sido percorrida, a parede entrepunha-se obrigatoriamente entre nós e o albergue... mesdames et monsieurs: fait vous jeux!

E pouco depois de nos afastarmos das Joanas e da nossa confortável vda fomos confrontados com uma ah... como hei-de dizer?... cordilheira que só não é dos Andes porque de facto se situa em terras de nostros hermanos... mai de resto não lhe fica a dever nadinha! E o raio da abrupta elevação do terreno (ah, ah? da pinta!) não tava fácil de transpôr!... houve uma altura em que povo já nem sabia bem se preferia torcer para que o próximo cotovelo fosse menos a pique mas cheiinho de sol, ou mais inclinadinho, se bem que com sombra... valeu a consolação de lá no alto haver pêras e figos maduros, e muitos, muitos, muitos vitinhos para fotografar... e, claro, para quem venceu a etapa “CAMISOLA ROSAAAA!” valeu o prémio montanha e o esforço de lá chegar!


escusado será dizer que no cimo da parede foi preciso fazer outra paragem técnica... e que o caminho daí até ao albergue (6 kms segundo nos disse um simpático morador, mas é mentira, tem que ser mentira! nenhuns 6 kms podem alguma vez durar taaaaantooooo) foi pontuado por umas quantas mais paragens técnicas e todo ele, no geral, foi feito em ritmo rijo! eu tou rijo!!!



A chegada ao albergue foi épica! Tirando nós e os italianos de Barcelona (que coitados, queriam ter ficado em Leiro nesse dia, mas descobriram tarde demais – tipo, quando lá chegaram – que Leiro não recebe peregrinos) mais ninguém conseguiu vencer a difícil etapa da montanha e foi ver táxi atrás de táxi a parar e a descarregar peregrinos...

O albergue fazia jus à foto do guia... no meio de um aldeia perdida em nenhures, chamada Bruma, e se calhar por isso de difícil visualização, uma casa rústica totalmente recuperada, com um ribeirinho ao pé, que deu um jeitaço pa refrescar a vinhaça, e com um parque de diversões exactamente igual aos 749 413 que já tinhamos visto ao longo do caminho, quais cogumelos polulantes... querem um conselho? abram um franchise daquela empresa cá no norte e vendam o dito equipamento a todas as autarquias e mais algumas... a coisa rende!


A nossa vda demonstrou todo o seu potencial nesta etapa, porque a beleza rural de Bruma implicava que à volta não havia nada, nada, mas mesmo nada, onde se comprasse uma comidinha... os restantes peregrinos lá encomendaram por telefone o repasto, ao único restaurante de entregas ao domicílio que estava publicitado no albergue e que, rezam as más línguas, era propriedade da mulher do... encarregado do albergue!



E se o albergue de Bruma fazia jus à foto, o mesmo não se pode dizer do dito encarregado, que nos tinha sido vendido como uma pessoa de excepcional finura... esqueceram-se se calhar foi de dizer que o homem é de uma excepcional finura, acelerada... ou isso ou ele tinha ingerido nesse dia quantidade de cafeína igual ao seu peso em kilos... mira xicos ide bañarvos... ahora, ahora, xá! Xá se bañaram? Mira xicos, comam, comam (vá lá que não disse engulam!) e os dentes já lavaram? E o xixi já fizeram? Xá, xá? Entonces cama! Luces apagadas e Hasta mañana que xá são once e media (ai locura!)


... ufff depois desta prova de fogo (verdade seja dita que nunca ninguém tinha visto um albergue inteiro a ir pá cama todo ao mesmo tempo) não admirou que houvesse gente que tivesse de ir apanhar um pouco de ar, puro ou não, conforme os gostos, para... aliviar o stress... bem, todo, todo o albergue também é exagero... isto porque houve umas cinquentonas loiras que viram umas performances, de umas descidas arrojadas de um certo poste e disseram: “Arthur! I can’t belive it!” e vai daí em vez de seguirem os prudentes conselhos que o nosso encarregado dava em galego, optaram por outros celtas e vai de cantar alto, e não muito bom som, ♫ I've been a wild rover for many a year | And I spent all my money on whiskey and beer ♪
And its no, nay never… no nay never no more… agora é que eu nunca, nunca mais adormeço... clap clap

3 comentários:

artur disse...

va...eu acho que o homem do albergue era mesmo simpático...o problema é que ele preocupava-se com o seu rebanho e queria que todos pudessem usufruir das condições do espaço...mandou-nos tomar banho rápido porque iam cortar a água e não queria que ficasse cheiro a peregrino, acabado de chegar de uma etapa, no albergue...daí as botas fora do edificio... hihi

mas ele até tinha boas intenções e até varreu o relvado enquanto alguns peregrinos atiravam caroços de azeitona para algures nas imediações....

artur disse...

ahhh..e este era o albergue que ficava já ali nestas árvores, naquelas árvores....

cláudia disse...

ei eu gosto destas fotos com o logo...mas que bem!!!

eu só queria dizer que a grande vencedora desta etapa foi mesmo a Mafalda, deixando os muiiiito lá longe (e de beicinho)...