segunda-feira, 24 de setembro de 2007

pelas festas de Portugal - feiras Novas...e presunto..e melão...e vinho!!!

Aqui no Iglô já é costume rumar rumo às romarias… que um pouco por todo o lado, por esse país fora, se desenrolam, particularmente nesta época (ainda) estival…

tá bem, pronto… a gente bem queira, mas a romagem é só mesmo aqui pró norte, que o tempo não dá para correr mesmo, mesmo o país todo…

Eu confesso a minha santa ignorância (e olhem que a ignorância é
muito atrevida): quando me disseram que íamos às feiras novas eu pensei no super… então a gente vai passar o domingo ao hipermercado, é? alguma promoção de vodka preta, pela certa… mas depois de me explicarem ao que ia fiquei curiosa com o nome… e fui pesquisar nesse imenso poço de sabedoria… a enciclopédia? nada!... o google! Então descobri que Ponte de Lima tem as mais antigas feiras de Portugal! Quinzenalmente, às segundas-feiras, já eram referenciadas num foral de 1125!… as tradicionais “Feiras” que nós visitámos datam “apenas” de 5 de Maio de 1826… e por isso mesmo se chamam “Novas”.

E assim imbuídos de espírito peregrino (sim, que depois de irmos a pé a Santiago temos deste espírito para dar e pra vender!) partimos domingo 16, depois de almoço, para Ponte de Lima, rumo às últimas grandes romarias minhotas, antes que o Outono comece…


A festa prometia!…pra começar, prometia engarrafamento, e uma enorme dose de paciência para conseguir estacionar! Mas se o trânsito motorizado era intenso, que dizer do pedonal? Pura e simplesmente não andava, tal era a quantidade de gente que se aglomerava junto às barracas da feira. Lá fomos furando e acotovelando, parando ocasionalmente para uma farturita ou até mesmo quem sabe para tomar uma putinha… escorregava bem, a putinha!... até lacrimava! O que dizem é que vai muito bem a acompanhar umas fodinhas quentinhas… mas a gente já tinha o estômago cheio da farturita de modo que dispensámos as ditas…

Após cumprirmos mais esta tradição gastronómica do Artur (perdoem o pleonasmo…) decidimos ir ver o panorama das festas do outro lado do rio. Íamos nós a meio da ponte quando vimos duas caras familiares: os pais da Cláudia também tinham vindo às festas!

Mais uma voltita pela feira, mais umas gomas (afinal aquelas fodinhas… hummm) e estávamos a dar por encerrada a nossa participação neste evento cultural, do mais português que há, quando a Cláudia atende um telefonema:
- não vale a pena… a sério… não,… deixem estar… não vale mesmo a pena…
Assim que desligou, vira-se pra nós e diz: os meus pais compraram presunto e estavam perguntar se vocês queriam comer, mas eu disse que não…
Não houve bem, bem um motim, mas quase! As hostes rebelaram-se um bocadito… “no mínimo tinhas ficado caladinha e nem sequer nos contavas” foi o que de mais brando saiu… mas mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo, já diz a sabedoria po
pular, e é bem verdade… nem 5 minutos tinham passado após o fatídico telefonema já nós esbarrávamos outra vez nos pais da Cláudia… aí o pessoal esmerou-se! A juntar ao presunto e pão que os pais da Cláudia traziam fomos comprar um melão (mais uma faca para o cortar, tá claro), uma jarra de vinho e 4 tacinhas pra provar o mesmo… e como bons portugueses que somos, abancámos num sítio poeirento e a cheirar a esgoto, a comer o nosso lanche, que nos soube pela vida!

De volta à Senhora da Hora, o tintol fazia o seu efeito: o carro até abanava connosco a bombar lá dentro!... mas o presunto também… a modos que foi preciso parar para comprar uns bons litros de água para combater a secura… mas tudo isto é parte da tradição e mesmo quem não aprecia a vinhaça, ou até o presunto, assim por aí além, vota em voltarmos lá pró ano… afinal toda a gente gosta de fodinhas, especialmente as quentinhas!

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

os Pauliteiros de Santiago | dias 7 e 8 - ai que bom!!!

Etapa 7 | Monte do Gozo a Santiago de Compostela


Depois de tantos dias a carregar as nossas mochilas às costas sentimos um certo apego às ditas, um certo carinho, uma ternura que fazia com que não nos sentíssemos confortáveis ao separarmo-nos delas… vai daí decidimos levá-las de volta a Santiago para um dia de passeio… ou isso ou o facto de estarmos de abalada do Monte do Gozo… mas eu acho que foi mais a primeira…

Ainda antes de deixarmos o monte onde afinal não tínhamos gozado assim tanto fomos visitar a emblemática estátua do peregrino… onde algumas pessoas aproveitaram a ocasião pra tentar então gozar um bocadito… e o mural comemorativo da visita de João Paulo II: quem vem do caminho francês passa por aqui e eram muitos os peregrinos com que nos cruzávamos que ainda estavam a andar pra Santiago… deu uma certa nostalgia… quer dizer, a bem da verdade, verdadinha o que deu foi um ufff! ainda bem que não sou eu a ir agora a pé… mas fica mais bonita a primeira, né?

Tínhamos que deixar o albergue até às 10h… e como pontuais que somos aparecemos às 10h30, o que fez com que senhora da limpeza nos deitasse aquele olhar que traduzido em palavras dá qualquer coisa como portugueses… afinal tínhamos ido rezar á capela e estávamos tão compenetrados que não demos por ela do tempo passar tão rápido e tal…

A primeira paragem em Santiago foi no seminário menor para alojamento… e deixar as mochilas, que o nosso carinho por elas afinal não chegava a tanto! Depois fomos ver as vistas, fazer umas compritas e acima de tudo cumprir mais uma tradição… já estão a pensar que fomos ver o santo e dar as turras e tal, né?... pois fiquem desde já sabendo que, primeiro, as turras agora estão banidas (a razão pela qual perduraram tanto tempo é pra mim um mistério!), e, segundo, as tradições que seguimos neste caminho de Santiago são… dou-lhe uma, são… dou-lhe duas, são… dou-lhe três, isso mesmo: gastronómicas! Fomos almoçar ao Manolo, um restaurante que inicialmente era só para peregrinos e onde servem primeiro prato, segundo prato, pão, água e sobremesa, tudo pela módica quantia de 8€… e se julgam que por este preço os pratos não podem ser assim tão grandes, tirem daí o sentido… a conselho do Artur, que é o homem das tradições do caminho, escolhemos todos o mesmo 2º prato: churrasco… só digo, houve até quem chorasse por não conseguir comer a costeletinha(tona) toda!

A tarde deu ainda para um café num local especial: o Centro Galego de Arte Contemporânea. Depois disso veio o primeiro momento “Auld lang syne” pois o nosso guia espiritual e uma pauliteira das verdadeiras (a Daniela) iam deixar-nos… fomos até à central de camionetas desejar-lhes um bom regresso ao Porto e ficámos a acenar à camioneta ao vê-la ir, ir, ir…

Dois pauliteiros mais pobres depois, era altura de voltarmos à civilização do centro de Santiago e ir ver o que a cidade de melhor tem para oferecer: espectáculos de rua (ao gorro, pois passa sempre um no fim do espectáculo) com malabaristas, contorcionistas e palhaços em geral…sempre com muito amor!!! Ah, e não esquecer a exposição do Senhor dos Anéis, com objectos e fatos do filme, que alguns fizeram questão de ir ver e que alguém fez questão de ciceronar até à exaustão… por altura do fecho da exposição já era mais do que hora de jantar… infelizmente o churrasco do Manolo provou ser tão grande quanto difícil de digerir e mesmo àquela hora a fome era pouca… até houve quem, em desespero de causa, sugerisse uma salada… mas acabamos por ir até ao kebab (que era uma das tradições gastronómicas que nos faltava cumprir… ou isso ou o burger king…) mostrar que pauliteiro que é pauliteiro aguenta e não chora!

Aguenta mesmo! Porque no dia seguinte, domingo, dia da nossa despedida de Santiago, acabámos de novo a almoçar no Manolo!!!

De manhã fomos à missa (aqui vou só abrir mais um parêntesis para referir que o pequeno-almoço foi também para cumprir uma tradição, desta vez dos verdadeiros… é o que dá juntar gente com vários caminhos de Santiago já percorridos e muuuuuuito tradicionalista: se não nos pomos a pau qualquer dia precisamos de uma semana em Santiago só para cumprirmos as tradições gastronómicas!), magnificamente cantada por um coro de pequenos cantores de Filadélfia, onde era suposto encontrar-mos os pais da Isabel, que vinham buscá-la… mas afinal havia outros… pais, mães, namorados, irmãs… em suma, toda a família! E já que este pessoal tinha vindo de propósito para nos buscar pensámos que seria simpático levá-los a almoçar ao local onde tão bem tínhamos sido servidos no dia anterior… escusado será dizer que nenhum dos pauliteiros pediu churrasco!

Almoço de domingo e tal… estava a fazer-se hora de ir para casa… na despedida de Santiago ainda houve tempo para caminhar pelas ruas e entoar:

♪ O senhor é nossa alegria!

Aleluia! ♫

… já sei que ouviram a musiquinha aqui no site… mas não se compara; não, não se compara… nem se compreende… era preciso terem estado lá!

♫ Ele nos dá o seu Amor

Aleluia! ♪

terça-feira, 11 de setembro de 2007

os Pauliteiros de Santiago | dia 6 - ai!! 8 horas de música!!!

Etapa 6 | Padrón a Santiago de Compostela


Depois de um estendal como o da noite anterior houve quem acordasse esperando a vingança dos escuteiros… o facto é que o nosso criativo os tinha metido num bolso… e eles, foram-se embora para Santiago sem dar troco…

E ainda bem, pois a nossa última etapa, uma das mais longas do caminho, ameaçava durar o dia todo… isto porque uma pauliteira, que não quis furar as bolhas de água, acabou com uma bolha de sangue… e coxa… Mas, como um pauliteiro dos verdadeiros não se cansou de repetir durante todo o caminho, “ninguém fica para trás” a malta corajosamente enfrentou a perspectiva da infinita etapa com um sorriso nos lábios…

Afinal não durou assim tanto… não ajudou ser uma etapa grande e sem grandes belezas com que nos entretermos… por isso mesmo a viola não teve descanso! Foram 8 horas seguidas de concerto, em que não parámos de cantar nem de andar… quem sabe tocar viola toca, quem sabe cantar canta e até houve quem se aventurasse em novíssimos domínios com o cavaquinho, conseguindo um brilhante sol-e-dó para acompanhar a cantoria…

Lá chegámos a Santiago… a cantar o famoso cântico dos passos que se ouvem a caminhar… pelas três da tarde hora à qual nos abancámos na Praza do Obradoiro e finalmente descansámos… quer dizer, havia quem não estivesse assim tão cansado quanto isso e decidisse finalmente fazer jus ao nome de pauliteiros que tomámos e dar melhor uso aos cajados do que aquele que tinham tido até então. A coreografia veio a revelar-se traiçoeira… e particularmente violenta para alguns dos pauliteiros envolvidos…

Depois desse belo momento de batidelas de paus sincronizadas lá fomos atestar que chegáramos ao fim do caminho, e pedir a nossa Compostela, enfrentando a fila e a multidão… foi aí que recebemos um banho de água fria: todos os albergues da cidade estavam ocupados; a nós restava-nos ir para o Monte do Gozo! Toca a pegar nas mochilas e ir apanhar o autocarro que nos deixou no sopé do referido Monte… é verdade, mesmo no fim do caminho ainda mais uma subida pela frente… e quando chegámos à entrada do complexo para peregrinos mais outra subida pela frente… e não, não era gozo… íamos mesmo ficar a dormir láááááá em cima…e sobe…e sobe…e mais um bocadinho…


Estávamos nós ainda no processo de saber se teríamos um quartito onde nos acomodarmos quando um presbítero sorridente nos ouviu falar português e pensou em juntar-nos às ovelhas do seu rebanho… e se bem pensou, melhor o fez… quarto ainda não, banho muito menos, mas missa… ah essa já estava garantida, e apenas dentro de 8 minutos, quisesse a gente ir… ainda houve quem tentasse escapar-se “que é essa cena da missa?” …mas o nosso guia espiritual alto e branco estava atento, e lá do cimo da sua altura ditou a sentença: vamos lá agradecer por termos chegado!


O grupo de meninas que acompanhava o sorridente padre (dando-lhe amplos motivos para sorrir…) provou ser um excelente coro a capela, mas nada que se comparasse à excelência da voz do nosso baixo… que por acaso era o nosso guia espiritual alto e branco!


Após o momento de acção de graças era tempo de cuidarmos do corpito: banhito, jantarito e tal… e também alguma diversão para animar a malta, que isto de vir a Santiago não pode ser só trabalho… vai daí o pessoal foi até à barraca 14, onde era suposto haver festa rija com disconight e tudo… não havia, mas parece que assim mesmo ainda houve quem arriscasse uns passinhos de dança… mas a coisa não convenceu e a malta preferiu ir ver as estrelas…

... ou ver mesmo estrelas…e ver uma tal de garrafa de vodka preta a passar de um lado para o outro…e a puxar o tolde, e tal, por causa do frio… diz quem estava que aquilo a dada altura mais parecia a wrestling mania… já ouviram falar do triângulo de Verão, certamente, temos aqui mais abaixo um post dedicado a isso… pois vão até lá e espreitem… e depois digam se deitar debaixo do céu estrelado, procurando Deneb, Altair e Vega não é a melhor maneira de chegar finalmente a Santiago!

sábado, 8 de setembro de 2007

os Pauliteiros de Santiago | dia 5 - ai tudo!!!

Etapa 5 | Caldas de Reis a Padrón


Caminho de Santiago by night já experimentaram? Então provem e depois digam-nos alguma coisa…



Aproveitando o embalo que ninguém estava dormir e não, lá nos pusemos a pé às 4 da matina… isto porque o albergue de Padrón é muito bonito, mas tem poucas camas e, como já perceberam, 1º - o alojamento dá-se pela ordem de chegada das mochilas à fila… 2º - nós tínhamos, vá-se lá saber porquê, uma certa tendência para nos deixarmos ultrapassar… (notem bem: nós não éramos ultrapassados… deixávamos era que nos ultrapassassem, o que é diferente!) De maneira que nesse dia, madrugando e aproveitando o facto de estarmos já em Caldas de Reis estávamos convictos que íamos ser dos primeiros a chegar ao albergue! E a coisa correu bem mesmo: saímos às 5h e tal e às 10h da manhã já estávamos lá!

Claro que sabíamos que pelo caminho íamos ter que enfrentar o grupo do Frango, das escuteiras e do Pai do Filho… que invariavelmente eram os primeiros a chegar a qualquer albergue… mas desta vez nós estávamos preparados para eles! Ainda a lua pairava no céu e já nós fazíamos uma paragem técnica… foi quando vimos umas luzinhas a aproximarem-se de nós a passos largos… logo dois pauliteiros se apressaram a esconder-se na sombra, enquanto os restantes atraíam a trupe escutista até ao local onde eles permaneciam ocultos. A cena que se seguiu é difícil de pôr em palavras: vamos só dizer que o Pai do Filho e uma escuteira tiveram a infelicidade de estar à frente do pelotão… e que o grito que deram acordou as trevas!... mais o Pai do Filho, do que a escuteira, pra dizer a verdade!... depois o Pai do Filho ainda veio com a história de que vinham a falar de lobos e tal e coisa e coisa e tal e foi por isso que se assustaram… ah… tá bem… como uma sábia e perspicaz pauliteira disse: “aquilo foi um bocado gay…”


Assim que começou a amanhecer pudemos apreciar talvez o mais b
elo troço do caminho: sempre por dentro da floresta, por trilhos apertados, ocasionalmente vendo o céu por entre a copa das árvores… pena que não durou sempre…A chegada a Padrón revelou que estávamos bem posicionados na fila: só o grupo do Frango e das escuteiras se tinha adiantado à gente… já lá estavam eles acampados em frente ao albergue, à espera que este abrisse, alguns mesmo a dormir nas respectivas colchonetes e respectivos sacos cama… isto assim não era grande caminho, achámos nós… Caloiros como éramos nesta matutina espera nem sabíamos bem o que fazer com tanto tempo livre: vai daí tiramos a viola do saco e começamos a dar espectáculo! Desta vez não só cantámos, como ainda encenamos o encontro matinal de primeiro grau (mais o respectivo urro tenebroso…) e oferecemos, totalmente grátis, o primeiro serviço noticioso da manhã… foram belos momentos de inspiração…


… inspiração que não faltou a quem foi comprar o almoço… já comeram massa com carne picada? E carne picada com massa também já? Então provem e d
epois digam-nos alguma coisa… e pra ajudar a empurrar a massa… uma melancia de 7kg! (tendo em conta que éramos 8 pessoas e que uma delas não gosta de melancia… é só fazer a conta…)… valeram-nos outra vez o casal espanhol e os seus dois filhos (o Noel, que tinha feito anos há 2 dias, tão lembrados?) pra dar um desbaste na guarnição e na sobremesa…


Depois disso foi hora de descanso, que o caminho já começava a pesar… particularmente nas pálpebras… seguida de uma inspecção pelas redondezas para escolher o local do vespertino repasto… Ora acontece que a trupe escutista não ficou lá muito satisfeita com a recepção que lhes tínhamos feito na madrugada… vai daí decidiu vingar-se pegando nos nossos sacos cama e colocando-os nas traves do tecto…...felizmente uma pauliteira particularmente arguta ficou para trás na incursão da tarde e desvendou o mistério dos sacos cama desaparecidos (há teorias que dizem que tudo se deveu simplesmente ao fato da pauliteira em questão ser neutra… é verdade… mas também é preciso um certo olho pra estas coisas, e é preciso dar crédito à pauliteira que, como já todos tínhamos aprendido por essa altura, ficou a dormir com um olho aberto e outro fechado!). Ao jantar fomos cumprir mais uma das tradições do Artur: tapas num restaurante caseiro, com uma cozinheira muito simpática, que no fim nos ofereceu um licor de ervas que marchou logo ao som de uma “IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIImaculada…”
De volta à base, achámos que devíamos
estender a bandeira branca aos nossos companheiros escutas de caminho. E por isso convidámo-los para participarem na nossa oração da noite. Já mencionámos que levávamos um guia espiritual no nosso caminho? Pois o dito guia era alto e branco… e todas as noites agradecia ao senhor por nos ter conhecido (vá-se lá saber porquê…)… O nosso guia preparou uma oração a preceito, com palavras inspiradas e inspiradoras… no final da oração havia já alguns escuteiros que demonstravam algum remorso… concretamente pelo quê vir-se-ia a descobrir muito pouco tempo depois… enormes calhaus tinham sido cuidadosamente embrulhados em plástico e estrategicamente colocados nas mochilas de alguns de nós…
E um criativo? Já tínhamos mencionado que levávamos um criativo no grupo? Pois é… os pedregulhos foram a gota que fez transbordar o copo…


...graças à mente requintada do nosso criativo de serviço os pauliteiros armaram um estendal que incluía qualquer peça de roupa que pudesse ter sido descuidadamente deixada à mão de semear… e que foi acabar a noite pendurada na cozinha do albergue!
Para completar o cenário, os próprios escuteiros foram suavemente
untados com pasta de dentes na cara e cabelo… e apesar dos protestos (poucos) de alguns, o facto é que todos se voltaram para o lado e tornaram a adormecer, sem sequer se levantarem para tirar a pasta da cara ou para tentarem impedir o estendal de crescer a olhos vistos…


…tal como já tínhamos achado antes, estes escuteiros andavam muito, mas não faziam grande caminho…

PS – o resumo desta etapa é especialmente dedicado ao Miguel, que faz anos hoje (7 de Setembro). Parabéinns!


International Posted in: Ocna Sibiului Roménia - numa madrugada como muitas outras e tal...
hora Local:02:35

domingo, 2 de setembro de 2007

os Pauliteiros de Santiago | dia 4 - ai surpresas!!!

Etapa 4 | Pontevedra a Caldas de Reis





Tivemos uma alvorada alvoraçada, uma vez que o Frango e as escuteiras acordaram com vontade de se pôr a milhas de nós… quer dizer, eles já tinham ido prá cama com essa vontade, mas dada a circunstância de estarem a pé e o albergue mais próximo ficar a 20 km, acharam que, mal por mal, era preferível arriscarem o pescoço e dormir ao nosso lado… gente com mentezinhas perversas… nós somos incapazes de fazer mal a uma mosca! (só mais uma vez pra quem não apanhou: a gente não faz mal… à mosca…)

A caminhada até Caldas de Reis prometia muito verde, muito pasto, muita vaca… e nós lá fomos, cada vez com mais bolhas, cada vez mais coxos, mas sempre com muito boa disposição… e não era para menos: mais ninguém tinha o entretenimento musical durante a viagem que a nossa viola proporcionava… ao princípio a malta achou que levar a viola era arriscado… seria muito peso?… depois começamos a dar concerto nos albergues… se calhar trazer a viola nem foi assim tão mal pensado quanto isso… e depois já dávamos concerto pelo caminho! (particularmente durante as pausas técnicas, em que éramos ultrapassados pelos nossos companheiros espanhóis de pernoitada nos albergues; a viola dava um jeitão: é, é… a gente não chega mais cedo porque vem a cantar pelo caminho, pois claro… é só por isso…)

A malta gostou tanto de caminhar nesse dia que até fez um desvio para ver umas cascatas e uns moinhos… subimos até ao cimo das cascatas para ver a paisagem e só apetecia dizer: Arthur! I can’t believe it!

… lá em cima havia um restaurante que assa borrego (ou porco, segundo o ponto de vista) como se fosse frango … a paragem serviu também para nos recompormos e ganharmos forças porque nesse dia não íamos ficar no albergue de Briallos, com os restantes peregrinos, mas íamos apontar directamente para Caldas de Reis… só mais 4 km, coisa pouca!

Chegados a Caldas fomos até um colégio de freiras que costuma receber peregrinos, todas as semanas do ano… menos nesta!… Arthur! I can’t believe it!

Lá conseguimos um contacto na policia e ficámos alojados noutro colégio… este não de freiras, mas de padres. Era chegado o momento de cumprir mais uma tradição, esta comum a mais do que um pauliteiro, e ir jantar ao Muiño: pimientos de Padrón, tapas diversas e tintoli! Houve quem se consolasse só de comer os pimentitos, houve quem achasse que o raio das tapas não davam prá cova de um dente… no final, uma tradição a manter pelo local, pela vista e pelo ambiente…

O regresso a casa reservava ainda uma surpresa. Afinal estávamos num local chamado Caldas, logo com fontes de água termal… A primeira paragem foi só para molhar os pezitos numa fonte pública onde se podiam encher garrafões e molhar a cara… mas a segunda paragem foi num tanque! Quem tem calção ou biquini entra lá pra dentro, quem não tem ajeita-se como pode e entra na mesma… o que conta é o banhinho de água quentinha, deixa lá o cheiro a ovos podres! Bom se calhar quanto ao cheiro podia-se fazer alguma coisa… arranjar assim uma fragrância mais frutada, mais doce, mais aroma amora… tipo vodka preta!!!

Um copito mais tarde (ou mesmo dois) e estava a fazer-se hora de irmos experimentar o conforto das nossas colchonetes pela primeira vez… e talvez por isso mesmo, por elas não serem assim tão confortáveis quanto isso, houve quem não quisesse aquecer o lugar e preferisse uma incursão às rosas dos senhores padres, seguida de uma serenata “♫ Linda donzela, vem à janela ♪”…

(aqui convém referir que as lindas donzelas tiveram um pequeníssimo problema técnico com a abertura da mesma… e vai daí decidiram ir ter directamente com os trovadores de serviço… acham que os gajos se viraram pra cantar pra elas? nada! continuaram resolutamente a enfrentar a janela e mandaram as donzelas de volta, abrir a persiana… isto sim, meus senhores, é da pinta!)

… quiçá para desfazer a má impressão causada pela musiquita que tinham dedicado às meninas no dia anterior…

Nesta noite não houve hipótese: ninguém dormiu… nem de olho aberto, nem de olho fechado…