quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

vamos ao musgo e lançar boomerangs?

Como é que se chama a apanha de maçã?... ai, ui apanha da maçã... e como é que se chama a apanha da pêra?... ai, ui... apanha da pêra... e como é que se chama a apanha de musgo?... ai, ui, ai, ui, ui, ui, ui...

Para fazer um presépio, assim daqueles que ocupa meia sala e mais um bocado, musgo fresquinho é essencial. Por isso, depois de uma noite de smashing mellows (que, compreensivelmente, muito boa gente não sabia o que era), hummus televisivo, queijinho ao vivo, e mais umas fotos partilhadas com os amigos e com aqueles que mais precisam (no Natal os que mais precisam são os desgraçados que não sabem ver as datas de validade dos BIs e nós partilhamos com eles!); dizia eu, depois de uma noite (bem) mal dormida, lá fomos nós catar musgo pra serra da Freita! Ai espera, aquilo não era Freita! Arrancáva-se do QG tal e qual, paráva-se na casa do Artur e tudo, seguiamos pó mesmo lado, mas aquilo era outra coisa qualquer... já tou a sentir assim um povo a estrabuchar, mas perguntem ao Artur a ver se ele sabe o nome do sítio onde fomos, perguntem, vá... sabe? a pois não sabe...


O que eu sei é que paramos num local, no meio de nenhures, onde havia um marco a assinalar o ponto de encontro de 4 concelhos: Gondomar, Castelo de Paiva, Arouca e Santa Maria da Feira... o marco basicamente era uma mesa com 4 cadeiras... assim tipo mesa de jardim onde os velhotes jogam à sueca... munto uindo!


Daí seguimos então pra um local já mítico: uma certa casa que um certo irmão trás debaixo de olho há já algum tempo... aquilo é coisa assim pra lá do fim do mundo onde se situa o fim da civilização. Empoleirada lá no seu alto, com todo um morro a envolvê-la e um riacho a correr aos pés, a casa tem tudo para os mais afeiçoados a uma vida no campo... e a apenas 30 min de carro da civilização, que é como quem diz, do Porto! (ah... pra quem tiver ficado entusiasmado com a descrição da coisa, eu queria só lembrar que Guisande fica a 30 min, São Martinho de Recesinhos também fica a 30 min, Vila Chã a 30 min fica... eu assim a bem dizer, acho que tudo fica a 30 min do Porto...)


A chegada ao musgo foi épica, até porque no fim de semana anterior o super 5 tinha pegado de empurrão 3 vezes... e a gente ali tava a ver que se dava alguma coisa ao carro ele ia pegar era pela ravina abaixo...


3 caixotes nas mãos, luvas, estávamos prontos para desafiar as leis da gravidade! Valeram as árvores (muitas) que cresciam encosta abaixo até ao rio, para nos impedirem de irmos direitinhos tomar banho... se bem que houve algumas tentativas dignas de registo... os nossos apanhadores de musgo oficiais tavam que nem...


era Natal e o sapatinho tava recheado! Eles nem sabiam pra que lado se virar, tantos eram os tapetes verdinhos a pedir a sua atenção imediata, eles perguntavam quanto musgo é que a gente queria lá pra casa para fazerem a conta a quanto ainda faltava apanhar... torciam o nariz quando a gente respondia “musgo? em minha casa?!? mas queres que eu ponha isso onde?” e de forma geral agiam como se apanhar musgo fosse todo um projecto de vida.


Por fim lá conseguimos encher os três caixotes e arrancar um tapete que, por muito que se insistisse, não cabia na mala por ser damasiado largo! Superada essa difícil prova era altura de parar pra recuperar forças... e causar inveja a certas pessoas chiques, que têm almoços chiques, com o nosso assador de chouriços a mostrar que se dá muito bem no meio do eucalipto.


E depois de tão farto almoço tava na altura de meter tudo no carro e quem sabe, ir até à Freita mesmo?!?... Ora aqui colocou-se o eterno dilema da mala cheia... quando os caixotes vêm muito bem empilhadinhos, uns dentro dos outros, se calhar convém não os encher... mas isso sou só eu a divagar... o facto é que não havia mesmo espaço prós caixotes e pró tapete na mala, de maneira que a solução foi empilhar os caixotes à frente do vidro de trás, em cima da mala... mas o espaço é pequeno e o caixote tá carregado... e o corta mato até sairmos dali ainda demora um bocado... de maneira que o melhor é pôr uns calços pra ver se não vira o musgo todo dentro do super 5... olha vocês que se sentam aí atrás, ora enconstem aí a cabeça contra o caixote... isso... pronto, não mexe!... curva, curva, outra curva... ai o musgo!... porra, então que parte do não mexe é que vocês não perceberam?


Andar de super 5 pela Freita ou lá por onde é, geralmente já é uma experiência extrasensorial, mas andar de super 5, pela Freita ou lá por onde é, muito bem encaixadinha no banco de trás, a tentar equilibrar um caixote de musgo com a cabeça é uma experiência extracorpórea!


A nossa viagem seguiu por atalhos da infância de quem cresceu lá por aqueles bandas (a que eu vou continuar a chamar Freita por absoluta falta de outro nome)... Até uma serralharia-moinho, uma das primeiras movidas à força da água, agora património arqueológico-industrial deste nosso belo país à beira mar plantado. Quem conhecia aqueles edifícios abandonados de os usar prás brincadeiras de miúdo ficou de queixo caído quando os viu já semi recuperados! Havia duas pessoas lá em baixo ao pé do rio, e claro, houve quem de cá de cima da ponte não resistisse a meter cumbersa: isto pra que é, que vai ser e tal... passado pouco tempo estava feito o convite para descermos e irmos ver o que restava da maquinaria! Como qualquer edifício património arqueológico-industrial, deste nosso belo país à beira mar plantado, tudo está bem enquanto se decompõe a olhos vistos... a partir do momento em que aparece alguém a querer recuperá-lo, alto e pára o baile, que é preciso ver se se pode ou não pode dar uso a tão magnífico monumento... e vai de chamar arquitectos e vem um parecer, engenheiros, e vem outro parecer... de maneira que à pergunta “isto pra que é” obtivemos um “não sei” e, claro está, à pergunta “então mas quando é que vai saber” obtivemos um outro “não sei”... uma coisa nós sabemos... ainda não há casa totalmente recuperada, mas se quisermos trazer sacos cama e empilharmo-nos no chão, tamos à vontade! Venham quando quiserem, fiquem o fim de semana, a casa é vossa! Olhe... veja lá, não diga isso muitas vezes, que a gente aceita!


Tava a ficar escuro, mas ainda dava tempo de ir ver o Arda a juntar-se ao Douro, lá do Monte de S. Domingos. Entre uma fotoficha, e mais uma fotoficha, e mais outra fotoficha, e exclamações de é tão lindo... lá se fez frio de mais pra estarmos fora do carro.


Como qualquer bom fim de viagem, ainda ensaiamos uma entrada nas minas do Pejão, mas sem sucesso. E como em qualquer domingo é sempre preciso ter em atenção a horinha da... olha a Lopes a pensar “da missinha”... mas não! é preciso sempre ter em atenção a hora da reunião da ASPPA... lá viemos de volta, nós e o musgo, já um bocado maltratado de tantas voltas e mais voltas, já sem aquela frescura de início de tarde... mas nada que se comparasse ao estado em que ficaram as cabeças que o trouxeram equilibrado...

1 comentário:

cláudia disse...

bem depois de tantas tormentas...fico contente por ter um pouco desse musgo na minha sala...