terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Iglo no Caminho Primitivo- Empezando em Lugo

“Caminho que começa com bacalhau escondido, permanece escondido.”
Provérbio Igloense

Mesmo antes da partida já tinhamos dado prova da nossa capacidade única de nos organizarmos: se não vejamos, estivemos 4h a discutir, perdão, a conversar, para prepararmos este caminho e a única coisa em que acordamos (e sem qualquer tipo de relação com o dito) foi em reservar o fim de semana de 12 de Setembro. Pois parece que podem já des-reservá-lo, os mais incautos reservadores, ainda não alertados. Afinal não há quórum nessa data.
Na véspera da ida para Lugo, local do início do Caminho Primitivo que nos propunhamos percorrer, ainda havia quem não soubesse muito bem quantas mochilas e quantas viaturas havia. Mas munidos da nossa força peregrina lá nos aventuramos em dois soberbos veículos maternos, muito embora a posse de um deles fosse largamente disputada, até paragens galegas.
O tempo estava fresco, o céu estava coberto, embora não ameaçando chuva directamente, havia uns pinguitos que teimavam em cair. Banhada autêntica foi a chegada ao albergue. Os peregrinos que já estavam a caminhar iam passando à nossa frente na fila, pois claro, há que dar prioridade a quem a tem. O problema é que o número de camas esgotou rapidamente. E no albergue não havia alternativas. Ou melhor, haver havia, nas palavras do mais que simpático recepcionista “querem empezar em Lugo, pois caminem!”. A gente na altura ainda não sabia, mas praticamente tudo o que havia a dizer acerca deste caminho estava já dito!

Aqui as prioridades dividiram-se: havia quem quisesse primeiro ir comer, e havia quem quisesse primeiro ir tratar da vida e assegurar o mais rapidamente possível um lugar para passar a noite. Acabou por ganhar a parte da comidinha, até porque o gaijo com mais fome já revirava a língua e tudo! Numa tentativa de não esticar o orçamento lá tentamos descobrir onde era o MacDonald’s mais próximo, perguntando ao vendedor de um quiosque... e ficamos a saber que “lo macdonald’s mas cerca” se situava em A Coruña, coisa pouca, pa menos de 100 km, portanto. Felizmente nem só o Mac vive de hamburgueres e lá conseguimos um restaurante com uns óptimos combinados. Acabado o repasto, era hora da siesta. Daí termos ido descansar, visitando a bela cidade de Lugo... mas há nossa maneira!


Fizemo-nos à gripe Y, que a A só para nós não chega!... mais à frente, houve quem não resistisse a dois másculos Ys, mesmo estes sendo estátuas... passado um breve momento de interação, com os Ys desejados e outros não tão queridos, fomos à catedral, agradecer por ainda ninguém se ter magoado...



esperáva-nos aí a Senhora da Panada, eternizada para sempre, após este caminho, no luminoso refrão “Nossa Senhora Empanada, ajuda-nos, na caminhada, ahh, ahh” graças a umas liberdades muito artísticas que alguns de nós teimam em tomar. E ajudou mesmo!

Mas primeiro, como em qualquer história popular, tivemos de ser nós a ajudar alguém. Concretamente um senhor comerciante, que tinha tentado tirar o seu carro do parque de estacionamento pelo sítio errado. Tão errado, tão errado, que o carro ficou encalhado num monte de cascalho! Mas o Iglo tem gente que sabe da poda, e de pneus e de macacos também, e lá conseguimos desencalhar o beículo.
Depois disso a vida compôs-se. Meio às aranhas, mas lá conseguimos encontrar o pavilhão onde a protecção civil estava a alojar os peregrinos que, como nós, tinham tido a infelicidade de não ter cama no albergue. Depois de muito bem instalados, no chão duro, mas que agora por comparação com o banco de trás do carro com 3 pessoas lá dentro até já parecia macio, era altura de esperarmos pelos reforços que aí vinham, nomeadamente a igloeira que faz mais bolhas, e que convém sempre levar pó caminho, pois enquanto o karma pespega a bolhinha a ela, os outros lá se vão safando. Antigamente, sem GPS o povo também se orientava e lá chegava aonde tinha que chegar. E foi justamente imbuída deste espírito que a nossa igloeira veio ter “con nosotros”. Valeu-lhe um bar com Super Bock autêntica, para ajudar a esperar, e a não desesperar, por este desejado encontro. De regresso ao pavilhão, estava na hora de dormir... ou não. Quem caminha já sabe como é... quem vem pela primeira vez fica a saber... e, acreditem, são ensinamentos que se levam pá vida!
Ficha Técnica,
Texto... Cocas
Publicação e imagem... Sra da Panada

1 comentário:

cláudia disse...

Eihhh
e o mistério da flor desaparecida?
e quanto vale uma Claudia?
e nutela com hostias, um pecadinho cheio de energia?
e "Mau Feitio" sem resmungos matinais é possível?

Pois... pois, as respostas estão muito bem guardadas... não se preocupem!!!